A Ascensão do Cristianismo na Coreia: Uma Jornada de Séculos

A Ascensão do Cristianismo na Coreia: Uma Jornada de Séculos
Fonte da Imagem: https://www.thegospelcoalition.org/

A República da Coreia, frequentemente chamada de Coreia do Sul, é um dos quatro Tigres Asiáticos e uma das economias mais fortes do mundo. O país ostenta uma cultura rica e profunda que se desenvolveu ao longo de séculos de história. No entanto, quando se trata de religião, a maioria dos coreanos praticantes dirá que são cristãos, uma crença que se originou em terras distantes.

Como essa fé estrangeira se tornou a religião predominante na Coreia? Neste artigo, vamos explorar o fascinante desenvolvimento do cristianismo no coração da cultura coreana, abordando os eventos tumultuados dos séculos 18, 19 e 20 que moldaram essa trajetória.

Os Primórdios do Cristianismo na Península Coreana

Para entender como o cristianismo se enraizou na Coreia, é fundamental conhecer o contexto histórico. Em contraste com a vizinha China, onde o cristianismo havia chegado muito antes, a Coreia viu os primeiros ensinamentos cristãos penetrarem em seu território apenas em 1603. Nessa época, o país estava sob o domínio da dinastia Joseon, um reino vassalo do poderoso Império Ming da China.

Missionários europeus, que haviam se dedicado ativamente à difusão do conhecimento científico e da fé cristã, desempenharam um papel crucial nesse processo. Vários desses missionários estavam ativos na capital chinesa, Pequim, e diplomatas coreanos que viajavam para a China tinham a oportunidade de encontrar esses missionários durante suas visitas. Ao retornarem à Coreia, esses diplomatas trouxeram consigo textos católicos que haviam encontrado na China.

Esse novo conjunto de crenças encontrou solo fértil nas terras de Chosun (Coreia), especialmente entre os menos favorecidos. As regiões de Hong Yi e Gangwon testemunharam um notável desenvolvimento do catolicismo nesses primeiros anos. No entanto, a dinastia Joseon mantinha uma identidade cultural profundamente arraigada no confucionismo e no budismo. Consequentemente, o cristianismo enfrentou resistência, sobretudo das elites e acadêmicos que se identificavam estritamente com essas ideologias tradicionais. A hostilidade se agravou quando o rei Yeongjo, em 1758, proibiu o culto cristão, rotulando-o como uma prática maligna.

Apesar da proibição real, muitos coreanos continuaram a praticar o cristianismo clandestinamente. Nesse contexto, um acontecimento notável se deu em 1783, quando um jovem nobre coreano chamado Yi Seung-hun, acompanhado de seu pai diplomata, viajou à China em busca de conhecimento. Lá, ele iniciou sua jornada de aprendizado dos ensinamentos dos padres jesuítas. No ano seguinte, Yi Seung-hun foi batizado com o nome de Peter e, desafiando a proibição do cristianismo em sua terra natal, trouxe consigo uma série de textos, crucifixos e objetos religiosos. Essa iniciativa contribuiu significativamente para a expansão do cristianismo na Coreia.

Uma Revolução na Propagação

A disseminação bem-sucedida do cristianismo na Coreia se distinguiu pelo protagonismo de leigos, em contraste com a intervenção de pregadores clericais. Além disso, a utilização do alfabeto Hangul, mais acessível e prático em comparação com o chinês clássico, permitiu uma disseminação mais eficiente da fé cristã por toda a região. Paralelamente, as autoridades e as elites coreanas se tornaram ainda mais intolerantes em relação a essa fé estrangeira que rejeitava o culto aos antepassados, uma parte essencial das tradições confucianistas.

No início do século 19, a corte de Joseon lançou uma perseguição maciça contra os cristãos, conhecida como a "Perseguição dos Sangleyes". As políticas opressivas resultaram na execução de milhares de cristãos. No entanto, a fé cristã permaneceu resiliente e continuou a prosperar ao longo do século 19.

A Era da Expansão Protestante

A década de 1880 marcou a chegada do protestantismo à Coreia, após as Guerras do Ópio. Nesse período, todo o território do Império Chinês de Qing estava efetivamente aberto à atividade missionária, o que possibilitou a disseminação do protestantismo nas proximidades da fronteira com a dinastia Joseon, em Xianyang.

O missionário protestante John Ross desempenhou um papel fundamental ao concluir a tradução do Novo Testamento para o coreano em 1887, fomentando uma nova onda de evangelização. Dessa vez, a fé cristã cativou as elites coreanas, já que os missionários trouxeram consigo práticas médicas modernas que despertaram grande interesse.

O rei da Coreia, Gojong, apoiou a modernização como uma forma de resistir à crescente ameaça japonesa. Ele ficou impressionado com a dedicação dos missionários protestantes à educação e às práticas médicas modernas. As elites progressistas coreanas incentivaram seu trabalho, o que resultou na abertura de missões e escolas cristãs em várias partes do país.

Esse período crítico na história coreana testemunhou o cristianismo se tornando um símbolo de modernidade entre os jovens. A fé cristã cresceu de maneira constante, representando 1% da população até o ano de 1900, totalizando mais de 170.000 pessoas. Ao contrário de muitas nações que receberam missões ocidentais, os coreanos rapidamente abraçaram a tarefa de propagar o cristianismo, iniciando políticas de autopropagação. Em 1907, o "grande avivamento de Pyongyang" reuniu 1.500 pessoas em uma conferência bíblica. Esse evento encorajou ainda mais a disseminação da religião, especialmente na região.

O impacto foi tão significativo que a cidade de Pyongyang ganhou o apelido de "Jerusalém do Oriente", e um em cada seis de seus habitantes se tornou cristão. Contudo, em 1910, seguindo a tendência de crescente influência japonesa na região, a Coreia foi efetivamente anexada pelo Império do Japão, contra sua vontade.

A Perseguição Japonesa e a Resiliência Cristã

As autoridades japonesas tentaram impor a religião xintoísta indígena do Japão na Coreia, o que, paradoxalmente, levou a um apoio ainda mais forte ao cristianismo. Muitos coreanos resistiram à imposição do xintoísmo, mantendo ou mesmo adotando a fé cristã. A política de ateísmo na Coreia do Norte, estabelecida por Kim Il-sung, levou à perseguição dos cristãos. Em 1949, todas as igrejas foram fechadas, sacerdotes católicos coreanos foram executados e os protestantes que se recusaram a renunciar à sua fé foram purgados. Como resultado, a maioria dos cristãos fugiu para o Sul, concentrando assim a comunidade cristã coreana na Coreia do Sul.

Cristianismo na Era da Guerra e do Crescimento Econômico

A Guerra da Coreia viu o crescimento da influência dos Estados Unidos pró-cristãos no Sul. A Coreia do Sul, ao abraçar o capitalismo e se alinhar com os Estados Unidos, começou a adotar um estilo de vida semelhante ao americano nas décadas de 1960 e 70, período marcado por um notável crescimento econômico. Muitas pessoas se encontraram trabalhando em condições difíceis devido ao rápido desenvolvimento industrial. Organizações cristãs passaram a desempenhar um papel fundamental no apoio a programas sociais, fortalecendo assim a influência da igreja na sociedade sul-coreana.

O serviço militar obrigatório na Coreia do Sul proporcionou uma oportunidade para que muitos homens descobrissem o cristianismo. O trabalho dos capelães militares levou à conversão de uma parte significativa dos soldados, que deixavam o serviço militar como cristãos comprometidos. Todos esses fatores criaram um terreno fértil para o desenvolvimento constante da religião cristã nas décadas de 1980 e 1990.

Crescimento e Desafios na Era Contemporânea

Desde os anos 2000, observadores relataram um crescimento explosivo do cristianismo na Coreia do Sul. No entanto, à medida que a sociedade avança, o cristianismo também enfrenta desafios. Embora continue a crescer, esse crescimento tende a estagnar nos dias de hoje. Atualmente, aproximadamente um terço dos sul-coreanos se considera cristão, sendo que 20% são protestantes e 10% são católicos. A influência do cristianismo é visível na política sul-coreana, uma vez que o país já teve um primeiro-ministro e seis presidentes cristãos, incluindo o atual, Moon Jae-in. Em comparação, um pouco menos de 25% dos coreanos se identificam como budistas, e outras religiões representam menos de 1% da população.

Embora o cristianismo na Coreia seja geralmente considerado uma religião pacífica, houve casos de conflitos entre cristãos radicais e budistas, como a pintura de cruzes em estátuas e monumentos. No entanto, esses incidentes são exceções em um contexto de coexistência religiosa relativamente harmoniosa. Por todas essas razões históricas, a maioria dos coreanos que têm alguma filiação religiosa hoje se considera cristãos. O cristianismo se estabeleceu firmemente como parte integrante da sociedade coreana.

Perspectivas para o Futuro

A jornada do cristianismo na Coreia é uma história de resistência, esperança e crescimento constante ao longo dos séculos. O cristianismo não é apenas uma crença religiosa, mas também faz parte do tecido social da Coreia. Ele influencia a política, a cultura e a vida cotidiana das pessoas. Conforme a Coreia moderna enfrenta desafios e mudanças em sua sociedade, o cristianismo continua a desempenhar um papel importante e duradouro no país.

A história do cristianismo na Coreia é uma saga de perseverança e adaptação, uma narrativa que reflete a influência das forças externas e a resiliência do povo coreano em relação a essas influências. O cristianismo, com sua complexa história na península coreana, continua sendo uma força viva e influente na sociedade sul-coreana.

Espero que este artigo tenha fornecido uma visão mais profunda do desenvolvimento do cristianismo na Coreia e de como essa fé estrangeira se tornou uma parte vital da vida coreana. Se você apreciou este artigo, não hesite em compartilhá-lo com outras pessoas interessadas na história e na cultura da Coreia. Fique ligado para mais artigos informativos e envolventes sobre diversos temas.

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