A Fascinante História da Etiópia: Berço da Humanidade e Guardiã dos Segredos Cristãos
A Etiópia é, sem dúvida, um dos países mais enigmáticos e fascinantes do mundo. Este país singular possui uma história rica e intrincada que abrange milênios, repleta de mistérios que continuam a intrigar estudiosos e viajantes. Um dos aspectos mais notáveis da Etiópia é o fato de que, ao contrário de muitos outros países africanos, ela nunca foi colonizada por potências europeias. Além disso, a Etiópia é frequentemente considerada como o berço da humanidade, pois foi lá que se encontrou o fóssil mais antigo de um ancestral humano, conhecido como "Lucy".
A Ligação da Etiópia com o Cristianismo
Outro aspecto fascinante da Etiópia é sua antiga e profunda conexão com o cristianismo. Os etíopes estão entre os primeiros povos a conhecer e adorar o Deus Cristão, e há lendas que sugerem que a Arca da Aliança, a relíquia que guarda as tábuas com os 10 Mandamentos, estaria sob a proteção de um único guardião na Etiópia, em um local onde ninguém mais tem acesso.
Uma descoberta recente acrescenta ainda mais mistério a essa história. Trata-se de uma possível versão ilustrada das escrituras sagradas, que pode oferecer novos elementos sobre a relação entre a Etiópia, o cristianismo e a história da humanidade. Alguns acreditam que este pode ser o exemplar mais antigo da Bíblia, capaz de revelar informações até então desconhecidas. Justamente por isso, este livro foi banido das principais denominações cristãs atuais.
A Lenda da Rainha de Sabá e o Rei Salomão
A influência da Etiópia na narrativa bíblica é muito mais antiga e profunda do que se imagina. Segundo o Kebra Nagast, o livro que narra a história lendária da dinastia dos imperadores etíopes, essa ligação remonta ao século X a.C., quando a Rainha de Sabá, chamada Maqueda, teria viajado para Jerusalém para conhecer a sabedoria do Rei Salomão, filho de Davi.
Embora a localização exata do Reino de Sabá ainda seja tema de debate, muitos acreditam que ele se situava na região que hoje compreende a Etiópia e o Iêmen. A visita da rainha está registrada na Bíblia, no Primeiro Livro dos Reis e no Segundo Livro de Crônicas. A versão etíope da história, no entanto, vai além: sugere que a Rainha de Sabá e o Rei Salomão tiveram um filho, Menelik I, que se tornaria o primeiro imperador da nação etíope.
A Arca da Aliança na Etiópia?
Uma das histórias mais intrigantes dessa narrativa é a lenda de que Menelik I, após visitar seu pai em Israel, teria retornado à Etiópia com a Arca da Aliança, substituindo-a por uma réplica. A verdadeira Arca, então, estaria até hoje na Igreja de Santa Maria de Sião, na cidade histórica de Axum. Embora esta história seja considerada um mito por muitos, ela é uma parte fundamental da cultura etíope e da identidade do país.
O Manuscrito Mais Antigo da Bíblia
A Etiópia guarda ainda outro segredo fascinante: um manuscrito que pode ser o mais antigo da Bíblia no mundo. Este manuscrito foi revelado por uma artista inglesa chamada Beatrice Playne, que visitou um mosteiro na região de Tigray, no norte da Etiópia, na década de 1940. Contudo, a obra só se tornou amplamente conhecida após os anos 2000.
As análises iniciais datavam o manuscrito do século X, mas estudos recentes indicam que ele foi produzido entre os anos de 390 e 570, durante o século VI. Segundo a tradição etíope, os livros foram escritos pelo santo Abba Garima, um sacerdote que teria vindo de Roma para a Etiópia em 494 d.C., e que foi um dos principais responsáveis por difundir a fé cristã na região.
A Bíblia da Etiópia: Um Tesouro Cultural
A Bíblia da Etiópia, também conhecida como Evangelhos de Garima, é um dos exemplares mais antigos e fascinantes das escrituras sagradas. Ela está dividida em dois volumes, chamados Garima 1 e Garima 2, sendo que este último é anterior ao primeiro. Estes manuscritos possuem 88 livros, incluindo os canônicos que estão presentes na maioria das Bíblias cristãs, além de outros considerados apócrifos ou pseudo-epígrafes, como o Livro de Enoque e os Jubileus.
Para se ter uma ideia da singularidade da Bíblia etíope, a Bíblia Católica Apostólica Romana possui 73 livros, enquanto as Bíblias protestantes geralmente contam com 66 livros. A diferença no número de livros revela as diferentes tradições e influências que moldaram a Bíblia ao longo dos séculos.
Por Que a Bíblia da Etiópia Foi Banida?
A Bíblia etíope, apesar de sua importância histórica, foi banida das principais denominações cristãs. Mas por que isso aconteceu? Para entender essa questão, é necessário considerar o contexto em que a Bíblia foi compilada.
A Bíblia é uma coleção de textos escritos ao longo de séculos, e que, segundo o cristianismo, foram inspirados por Deus. No entanto, ao longo do tempo, esses textos foram manipulados por homens, resultando em diferentes versões e interpretações. A versão etíope da Bíblia inclui textos que não foram aceitos pelas principais denominações cristãs, levando ao seu banimento.
Além disso, a tradição cristã etíope possui pelo menos dois cânones diferentes: o cânone ampliado e o cânone restrito. O cânone ampliado é maior e mais antigo, enquanto o cânone restrito é menor e mais recente. A presença de textos considerados apócrifos ou pseudo-epígrafes no cânone ampliado foi um dos motivos para o banimento da Bíblia etíope por outras denominações.
Conclusão
A Etiópia é um país de mistérios profundos e de uma história rica que continua a fascinar e intrigar. Sua ligação com o cristianismo, suas lendas sobre a Arca da Aliança e o manuscrito mais antigo da Bíblia são apenas alguns dos muitos aspectos que fazem deste país um lugar único no mundo. A Bíblia etíope, com seus 88 livros, permanece como um tesouro cultural que oferece uma perspectiva diferente sobre a história e a fé cristã, desafiando as narrativas mais conhecidas e levantando questões que continuam a ser debatidas até hoje.
A história da Etiópia, entrelaçada com as raízes do cristianismo e da própria humanidade, é um lembrete poderoso de que o passado é vasto, complexo e muitas vezes cheio de surpresas que ainda estão esperando para serem descobertas.