Cientistas Desenvolvem embriões Humanos Sintéticos em Laboratório. Sem usar espermatozoide nem óvulo

Cientistas Desenvolvem embriões Humanos Sintéticos em Laboratório. Sem usar espermatozoide nem óvulo
Photo by National Cancer Institute / Unsplash

Nos últimos dias, houve uma série de avanços significativos no campo da genética, com três grupos distintos de cientistas anunciando o desenvolvimento de embriões humanos "sintéticos" em laboratório. Esses embriões foram cultivados a partir da reprogramação de células-tronco, dispensando assim a necessidade de óvulos ou espermatozoides.

Avanços Científicos na Cultura de Embriões

Dois dos grupos afirmam ter conseguido levar o crescimento desses embriões a um estágio equivalente a 14 dias de desenvolvimento de um embrião natural. Já o terceiro grupo alcançou estágios similares aos observados na quarta semana após a fecundação.

Essas pesquisas têm como principal objetivo o estudo e a compreensão de doenças e condições diversas durante os estágios iniciais do desenvolvimento embrionário. Problemas genéticos e abortos espontâneos recorrentes podem ser investigados por meio desse método.

Embora os cientistas enfatizem que o material criado em laboratório não pode ser utilizado para gerar vida, as descobertas já estão gerando controvérsias no que diz respeito aos aspectos éticos desse tipo de trabalho.

Limitações e Necessidade de Revisão por Pares

No entanto, até o momento, os detalhes sobre o progresso dessas pesquisas são limitados às informações fornecidas pelos próprios autores e ainda não foram publicados em revistas científicas nem passaram pela revisão por pares, uma etapa crucial para verificar as informações e identificar possíveis inconsistências.

O primeiro anúncio que chamou a atenção foi feito pelo grupo liderado pela professora Magdalena Zernicka-Goetz, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), e pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA), durante uma reunião científica realizada na semana passada em Boston, nos Estados Unidos.

As estruturas dos embriões sintéticos foram criadas a partir de células-tronco embrionárias, chegando ao estágio conhecido como gastrulação, quando ocorre a diferenciação das células para a formação das diferentes linhagens que compõem o corpo humano.

Nesse estágio de desenvolvimento, o embrião ainda não possui órgãos nem batimentos cardíacos, mas, segundo a pesquisadora, o modelo já apresentava células precursoras de óvulos e espermatozoides.

Importância do Trabalho de Pesquisa

Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, Zernicka-Goetz afirmou que essa conquista é inédita e que o embrião foi criado inteiramente a partir de células-tronco embrionárias.

No dia seguinte à apresentação, a pesquisadora divulgou uma versão prévia do trabalho em uma plataforma especializada.

Na mesma data, o grupo liderado por Jacob Hanna, do Instituto de Ciência Weizmann de Israel, considerado o principal "rival" acadêmico do grupo de Zernicka-Goetz, também apresentou um artigo prévio afirmando ter obtido resultados semelhantes.

O trabalho dos pesquisadores israelenses utilizou métodos semelhantes aos descritos pelo grupo de Zernicka-Goetz.

Avanços na Cultura de Embriões Humanos: Um Passo Além

Durante a mesma reunião científica, um terceiro grupo liderado por Jitesh Neupane, do Instituto Gurdon da Universidade de Cambridge, afirmou ter ido além dos outros pesquisadores, criando um modelo de embrião humano que reproduz parte do estágio de três a quatro semanas de gestação.

O material foi cultivado a partir de células-tronco embrionárias e, posteriormente, transferido para um recipiente rotativo que funcionava como um útero artificial.

As estruturas foram modificadas intencionalmente para não incluir os tecidos que formam o saco vitelino e a placenta dos embriões naturais, o que impossibilitaria o seu desenvolvimento em um feto. Mesmo assim, a descrição apresentada por Neupane indica que o grupo conseguiu identificar batimentos cardíacos e traços de sangue vermelho.

Esclarecimento Importante sobre Embriões "Sintéticos"

Jitesh Neupane enfatizou que esses modelos não são embriões nem se busca a criação de embriões. São apenas modelos que podem ser usados para analisar aspectos específicos do desenvolvimento humano.

Desafios Éticos e Legais

Devido à proibição da pesquisa com embriões humanos além de 14 dias de desenvolvimento na maioria dos países, incluindo o Brasil, esses estudos têm gerado críticas quanto ao cumprimento das regulamentações éticas.

A diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP, Mayana Zatz, destaca que a novidade desses estudos é o cultivo das células em laboratório por um período muito maior sem a necessidade de um útero. No entanto, ela também aponta algumas limitações nas pesquisas e enfatiza que é problemático afirmar que esses são embriões sintéticos, pois são cultivados a partir de células-tronco embrionárias.

Ética, Legalidade e Revisão por Pares

É importante lembrar que a pesquisa científica deve ser realizada dentro dos limites éticos e legais, respeitando a vida humana e considerando os impactos e implicações éticas de suas descobertas. A revisão por pares e a publicação em revistas científicas são etapas fundamentais para garantir a validade e a confiabilidade dessas pesquisas.

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