Falar é uma coisa, Convencer é outra: Desvendando o Desafio da Persuasão

Falar é uma coisa, Convencer é outra: Desvendando o Desafio da Persuasão
Photo by Reimond de Zuñiga / Unsplash

Persuadir. Essa é a grande vitória e também o maior desafio para aqueles que falam em público. Não basta simplesmente se posicionar, retirar o roteiro e discursar. É preciso convencer. Todos podem falar, mas falar em público é um dom raro. A verdadeira dificuldade está em convencer.

Para alcançar a persuasão, é necessário contar com aliados: argumentos sólidos, astúcia, criatividade, voz bem definida e flexível, postura confiante, fluência, ritmo de ideias e coerência no desenvolvimento do tema.

Por que muitos oradores não conseguem convencer ao falar? Falta de carisma? Ausência de inspiração? Falta de talento? Não! O problema geralmente reside na falta de técnica.

É lamentável que professores, políticos, oradores, palestrantes e cientistas muitas vezes não deem a devida atenção à arte da persuasão. Preferem apenas discursar sem um propósito claro. Isso tem sido uma constante. Embora ricos em conteúdo, muitos são estéreis em resultados práticos na oratória.

É triste observar um orador muito bem preparado enquanto uma plateia inteira adormece ao seu discurso; mesmo abordando temas de interesse amplo, as pessoas começam a se desconectar sistematicamente: olham para cima, para os lados, desenham em seus cadernos, fazem cálculos, bocejam, adormecem, sua atenção se volta mais para questões familiares do que para o momento presente... uma desconexão evidente. Será que o orador não percebeu que perdeu o interesse da plateia há muito tempo?

Ele é uma autoridade no assunto, mas não sabe como transmitir esse conhecimento. Ele não se comunica, apesar de dominar o assunto.

Quais são os fatores que levam um orador a não convencer enquanto fala?

1. Antipatia

Uma postura rígida, formal e excessivamente séria provoca repulsa imediata. O público não perdoa oradores rudes e com aspecto infeliz (rosto franzido, olhar severo, semblante fechado). A falta de um sorriso sincero cria um abismo entre o orador e a plateia.

2. Problemas na Emissão da Voz

Há tipos de voz que causam desconforto e afastam a atenção ao iniciar o discurso.

A) Voz estridente - a estridência surge da falta de controle do volume da voz. É um problema grave, relacionado com a perda de controle emocional. Estridência e gritos são sinônimos e não devem fazer parte do repertório de um bom orador.

B) Voz nasal - esse tipo de som ocorre quando o ar é expelido tanto pela boca quanto pelo nariz. Pode indicar problemas musculares e precisa de investigação.

C) Voz monótona - resultado da falta de conhecimento sobre o uso da voz em público. Uma voz monótona não estimula, mas sim entedia, levando à desconexão gradual do público.

Muitos oradores falam sempre no mesmo tom, intensidade e ritmo. Alguns fazem pausas irritantes e prolongadas. Isso desmotiva, afasta e desconecta as pessoas do discurso. E pessoas desconectadas não são convencidas.

3. Abuso de Clichês

Clichês são palavras ou frases tão usadas que perderam seu impacto. Usar clichês em excesso vulgariza a mensagem e diminui a credibilidade do orador. Expressões como "entusiasmo indescritível", "banquete farto", "cheiro intoxicante", "jovem notável", "mar de rosas", "doença insidiosa", "silêncio sepulcral", "distinta plateia", "louco de alegria"... após uma enxurrada de clichês, é natural que a atenção do público se dissipe.

4. Fraca Autoimagem

Antes mesmo de começar a falar, o orador é avaliado por sua imagem: postura, vestimenta, expressão facial, olhar. Um orador com postura curvada passa a imagem de peso, cansaço e excessiva humildade; enquanto ombros rígidos e postura ereta demais podem transmitir arrogância. Uma vestimenta simples e sem graça, um rosto sofrido e um olhar distante, combinados com uma voz fraca e desanimada... tudo isso projeta uma imagem de derrota.

5. Falta de Adequação ao Tema

O mínimo esperado de um orador é que domine o tema sobre o qual está falando. Parece óbvio, mas nem sempre acontece. Oradores muitas vezes se alongam sobre assuntos que desconhecem, não têm domínio ou não se encaixam ao seu estilo. Começam falando sobre violência social e terminam discorrendo sobre pesquisas na Antártida. A falta de roteiro, estímulo e evidência de conhecimento do assunto gera um discurso vazio e pouco convincente. O que se poderia esperar além disso?

Mas é possível melhorar, mudar e se transformar de um simples falante em um orador capaz de cativar a plateia (treinamento especializado torna isso possível). Para isso, alguns princípios devem ser considerados:

A) Aperfeiçoe sua Voz

Pronuncie as palavras corretamente, evite falar com a boca fechada, ajuste o tom de acordo com o ambiente, as pessoas e o tema.

B) Estabeleça Contato Visual

Antes de começar a falar, olhe para a plateia. Cumprimente silenciosamente com "um sorriso nos olhos", procurando identificar cada pessoa rapidamente.

C) Relaxe e Divirta-se

Ao invés de abordar o tema diretamente, conte uma história, descreva o ambiente, compartilhe uma situação engraçada. Lembre-se de que até os grandes oradores sentem medo no púlpito. Aceite isso com tranquilidade. É uma questão de tempo.

D) Mantenha-se Atualizado

Investir em livros é um investimento valioso. Eles podem ser caros, mas são essenciais para o conhecimento. Quem lê mais, sabe mais. Também é importante acompanhar as notícias e estar atualizado com os jornais. Assim, ninguém pegará você desprevenido.

E) Palavras Suaves e Impactantes

Como Salomão disse, "palavras suaves são como favo de mel, doces para a alma e medicina para os ossos" (Provérbios 16:24). Este é o momento de falar, mas falar para convencer!

Em resumo, não basta apenas falar. Para se tornar um orador persuasivo, é essencial dominar a técnica, trabalhar na voz, imagem e conexão com a plateia. Ao seguir esses princípios, você estará no caminho para se tornar um orador convincente e eficaz, capaz de impactar e influenciar o seu público.