Libertação Espiritual: Vencendo Satanás em Nossas Vidas
Há milhares de anos, Satanás entrou no belo jardim de Deus, assumindo a forma de uma serpente, e pegou Adão e Eva em sua armadilha. Desde aquele dia até hoje, Satanás tem sido o principal inimigo do homem. Mesmo nos dias atuais, o diabo ainda percorre como um leão, desejoso de nos devorar (1 Pedro 5:8). Ele emprega diversos métodos, utilizando vários disfarces para tentar, seduzir e enganar (2 Coríntios 11:14-15; 2 Tessalonicenses 2:9-12; 1 Coríntios 7:5). Além disso, ele aflige, persegue e ataca (2 Coríntios 12:7; Apocalipse 2:10; 1 Tessalonicenses 2:18), servindo-se de aliados, como principados, poderes e o próprio mundo (Efésios 2:1-2; 6:11-12; 1 João 5:19). Muitos que enfrentam essa batalha espiritual podem facilmente ecoar a exclamação de Paulo: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7:24).

A Vitória de Cristo sobre Satanás
No próprio jardim, onde o homem primeiramente sucumbiu à armadilha do diabo, Deus prometeu um libertador. "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gênesis 3:15). É extremamente incomum ver na Bíblia uma referência ao descendente de uma mulher. Quase sempre a linhagem era contada através do pai. No entanto, em toda a história humana após Adão, houve apenas um que não teve um pai humano: Jesus Cristo. Assim, esse texto fala do conflito entre Jesus e Satanás. Mantendo a imagem da serpente, o texto descreve Jesus pisoteando-a, por assim dizer. Ao fazer isso, ele teria seu calcanhar ferido (um dano relativamente pequeno), mas também esmagaria a cabeça do tentador (um ferimento mortal). Ao longo do Velho Testamento, a humanidade permaneceu amarrada por Satanás, aguardando o cumprimento dessa promessa gloriosa.
Finalmente, nasceu o Salvador. Ele passou alguns anos "curando a todos os oprimidos do diabo" (Atos 10:38). Destacam-se os exemplos em que Jesus expulsou demônios (Marcos 1:23-28; 5:1-20; 9:14-29; Mateus 9:32-37; 12:22; Lucas 13:10-17). É notável que Jesus subjugou os demônios com autoridade. Ele não gritou, não lutou, não usou nenhum encantamento ou instrumento mágico. Ele simplesmente proferiu uma palavra, e os demônios saíram. Jesus relacionou a expulsão de demônios com seu trabalho maior de esmagar Satanás. "Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa" (Mateus 12:28-29). Jesus veio ao mundo para roubar do diabo as almas que estavam sob seu domínio. Mas primeiro ele teve que amarrar Satanás, o que estava fazendo ao expulsar demônios. Então, o cenário estaria preparado para que ele assumisse o domínio que Satanás exercia sobre os homens.
Em repetidas ocasiões, especialmente próximo ao fim de seu ministério, Jesus indicava que a crise estava se aproximando. "Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago" (Lucas 10:18). "Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso" (João 12:31). "Do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (João 16:11, veja também 14:30).
Inúmeros textos escritos após a ressurreição de Cristo o mostram como o vencedor que derrotou Satanás. Jesus afirmou: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra" (Mateus 28:18). "O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés..." (Efésios 1:20-22). "...Por meio da ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados os anjos, e potestades, e poderes" (1 Pedro 3:21-22). "E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (1 João 3:8). O livro de Apocalipse também apresenta a grande vitória de Jesus sobre o diabo de forma simbólica (capítulo 12). Nosso Senhor Jesus Cristo derrotou completamente o antigo inimigo do homem. Glórias ao Senhor!
Nossa Libertação
Nossa própria vitória sobre Satanás está intimamente ligada ao triunfo de Cristo. "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida" (Hebreus 2:14:15). Jesus veio para destruir o diabo e libertar seus súditos. Depois de descrever sua batalha sem sucesso contra a lei do pecado e da morte em Romanos 7, Paulo mostrou que, em Cristo, somos libertados da escravidão (Romanos 7:25; 8:1-4). Cristo é nosso meio de vitória nesta luta aparentemente sem esperança: "Em todas essas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Romanos 8:37).
Ele continuou citando principados e poderes como duas forças que não podem nos separar do amor de Deus em Cristo (Romanos 8:38-39). "E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco" (Romanos 16:20). Os livros de Gálatas 4 e Colossenses 2 também mostram como Cristo nos liberta do domínio do diabo. Isso não significa, obviamente, que derrotamos o diabo em Cristo sem esforço. Lutamos contra "principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" (Efésios 6:12). Mas, apesar da ferocidade do oponente, o Senhor nos concede a força de seu poder, com a qual podemos resistir firmemente ao diabo.
Ele também nos diz exatamente que armadura usar na batalha: "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica..." (Efésios 6:13-18). Note, por favor, que a armadura é especificada. Frequentemente, nos dias atuais, as pessoas tentam travar batalhas espirituais contra o diabo e seus servos com outros instrumentos que a palavra de Deus nunca menciona. Neste texto, é a própria Escritura que recebe a principal atenção: "a verdade", "o evangelho", "a palavra de Deus".
Conceitos Errados Sobre a Libertação
Algumas pessoas dão demasiada ênfase ao poder de Satanás. Em seus cultos, eles dão mais atenção aos demônios do que ao próprio Cristo. Dessa forma, minimizam a responsabilidade humana e oferecem desculpas para o pecado. O diabo não pode ser culpado pelo pecado. Ele pode tentar, mas o pecado ocorre quando permitimos ser seduzidos pelos nossos próprios desejos (Tiago 1:14-15). Temos a capacidade de resistir ao diabo, e se o fizermos, ele fugirá (Tiago 4:7). Deus não permitirá que sejamos tentados além de nossas forças para resistir; para cada tentação, há uma maneira de escapar que é fornecida pelo Senhor (1 Coríntios 10:13). É um erro sério dedicar mais atenção ao diabo do que ao Senhor. É errado pensar que, em certos casos, somos impotentes para resistir a algum tipo de força superior que o diabo emprega. Somos responsáveis por nossas ações, e quando pecamos, não temos ninguém além de nós mesmos para culpar.
Outro ponto de vista errado é que palavras mágicas ou objetos especiais são necessários para expulsar o poder de Satanás da vida de uma pessoa. A feitiçaria nos dias do Novo Testamento se apoiava na repetição de palavras especiais para superar a influência do diabo, mas Jesus condenou essa ideia (Mateus 6:7). A repetição até mesmo do nome de Jesus, de maneira supersticiosa, virou contra aqueles que tentaram (Atos 19:13-16). É o poder de Cristo, não a magia de alguma frase ou objeto, que supera Satanás.
Também não podemos superar o diabo através da obediência a regras e leis humanas. Esse foi, basicamente, o problema sobre o qual Paulo escreveu em Colossenses 2. Ele falou de regras que os homens inventam para tentar serem mais espirituais, e disse que elas não funcionam. Ao longo dos séculos, homens têm tentado repelir o diabo através do ascetismo. Jejuar, auto-flagelar-se e negar prazeres lícitos são frequentemente vistos como maneiras de superar o diabo. No entanto, o argumento de Paulo em Colossenses 2 é que Cristo e seus mandamentos são tudo o que necessitamos para superar "todo principado e potestade" (Colossenses 2:10, veja 16-23).
Por fim, o diabo não é superado por espetáculos teatrais. Confrontos verbais com o diabo e gritarias não têm base na Bíblia. Cristo e os apóstolos tinham poder especial para ordenar aos demônios que saíssem das pessoas, mas faziam isso com calma e deliberadamente. As Escrituras deixadas por Jesus e seus discípulos nos ensinam a usufruir seu poder em nossas vidas através da submissão a ele e do uso da armadura que ele nos deu. Jesus venceu Satanás. Em Cristo, nós também podemos vencer.
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