Satanismo: Além das Aparências e do Cosplay
O satanismo tornou-se a moda passageira do momento. Como tem se tornado cada vez mais evidente, a estética demoníaca é o truque simples "basta adicionar água" para artistas que desejam parecer provocativos e chamar a atenção. Essa fórmula foi mais uma vez exibida durante a performance de Sam Smith na cerimônia do Grammy. Como resumiu uma manchete da Variety, "trazem Satanás, jaulas e chicotes para o Grammy".
A performance foi o assunto da noite, mas não deveríamos ficar chocados. Afinal, Lil Nas X estava vários anos à frente de Sam Smith com seu videoclipe de 2021 para "Montero (Call Me By My Name)", que apresentava um motivo satânico semelhante para simbolizar a libertação sexual (mas com um toque de novidade).
Aqui no Brasil em 2019 a escola de samba Gaviões da Fiel fez uma grotesca repesentação de Jesus sendo humilhado por satanás em um desfile de escola de samba. Embora escancarado esta não foi a única vez que desfile de escola de uma escolad e samba traz demônios e zombaria de Deus em suas apresentações.
O satanismo é a estética da moda do momento. Mas, como qualquer truque de festa, a atuação se torna cansativa com a superexposição. Ironicamente, até mesmo a Igreja de Satanás deu uma resposta contida à performance, classificando-a como "nada de especial". Portanto, em vez de seguirmos cegamente a onda de indignação, fingindo choque e espanto sempre que alguém recorre a esse truque, talvez os cristãos devessem refletir sobre se nossa preocupação não deveria ser direcionada para outros lugares.

Além das Fantasias
Os cristãos não devem tratar com leviandade as forças demoníacas. De acordo com a Bíblia, poderes espirituais malignos são reais. No entanto, a estética demoníaca exibida na performance de Sam Smith no Grammy parece ser inspirada mais em uma visita a uma loja de Halloween do que em qualquer comunhão com forças demoníacas. É simplesmente um cosplay, um disfarce adulto destinado a produzir choques baratos e chamar a atenção.
Deveríamos nos preocupar quando um celebridade influente se apresenta usando um figurino que o faz parecer que está prestes a assumir sua posição no ombro direito de um personagem de desenho animado, oposto ao anjo que toca harpa à esquerda? Claro. No entanto, parece que muitos cristãos estão muito mais indignados com o cosplay do que preocupados com o que se esconde sob a superfície avermelhada.
Nas Escrituras, quando Jesus declarou: "Afasta-te de mim, Satanás", ele não estava repreendendo um pequeno homem vermelho com chifres e um tridente. Ele estava indicando que qualquer coisa contrária à vontade divina de seu Pai celestial é do diabo: "Você não tem em mente as coisas de Deus, mas apenas as preocupações humanas" (Mateus 16:23). Em outras palavras, tudo o que é contrário aos planos de Deus é "satânico", com ou sem cauda bifurcada.
Além disso, a obra do diabo geralmente é mais sedutora quando se disfarça de algo bom, como palavras saindo da boca de um discípulo amado. O perigo real talvez não esteja em um artista se fantasiar de Satanás, mas sim na igreja confundir o cosplay com satanismo, ocupada demais em se indignar com uma fantasia para reconhecer o pensamento satânico quando ele aparece de maneiras sutis.
Compaixão Cristã, Não Indignação
Tudo isso nos leva de volta a Sam Smith e aos cosplayers do diabo que pavimentaram o caminho para ele. Embora grande parte da indignação direcionada à performance tenha se concentrado na parte visual, talvez os elementos mais preocupantes tenham sido auditivos. A letra de "Unholy", a música que Smith e Petras apresentaram, conta a história de um marido impenitente que deixa repetidamente sua esposa e filhos desprevenidos para se entregar a comportamentos sexuais promíscuos.
Em uma entrevista após a apresentação, Petras explicou as motivações dos artistas: "É uma reflexão sobre não ser capaz de escolher uma religião. E não ser capaz de viver da maneira que as pessoas podem desejar que você viva." A música - e a performance - tratam da rebelião contra a religião e a igreja. Smith pode ter representado o "satanismo" em sua performance, e não apenas porque colocou chifres de diabo em uma tentativa desesperada de ser provocativo.
Segundo todas as contas, Smith é um homem profundamente ferido que carrega muita dor. Qualquer um compelido a aparecer em um programa de premiação nacional vestido como o diabo em busca de atenção e pertencimento deve, acima de tudo, ser alvo de compaixão. Ele está buscando algo, e suas tentativas equivocadas de encontrá-lo são um espetáculo público. Os cristãos podem criticar sua metodologia, mas também devem lamentar, uma vez que compreendemos que nenhum espetáculo ou atenção se compara à paz encontrada somente em Cristo.
Em última análise, os cristãos devem se preocupar com exibições como a do Grammy, mas não por causa do cosplay barato do diabo. Sob o disfarce, Sam Smith é emblemático de um mundo confuso e ferido que abraçou uma mentalidade satânica destrutiva, acreditando que a paz interior e a satisfação são encontradas no prazer sexual vazio e no valor de choque, em vez de em um Deus que nos ama e conhece o número de cabelos em nossa cabeça.
As tendências vêm e vão, e a indignação se desvanece na memória perdida, mas a eternidade é para sempre. Se os cristãos sentem emoções intensas em resposta à performance do Grammy, que seja piedade por um mundo quebrado que está perdido no pecado. Vamos orar: "Perdoa-os, porque não sabem o que fazem", e continuar a proclamar - em palavras e ações - o amor de Deus a um mundo que desesperadamente precisa dele.
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